quarta-feira, 25 de abril de 2007

A estranha


ela voa
me intriga
deita
beija
sai
sangra
briga
doa
me entrega
ela voa...

segunda-feira, 23 de abril de 2007

A fada e a noite




A fada afaga os favos e faz a fábula
De frio ligeiro e vento forte
E vinhos e vindas e o véu da tarde
Na boca o brilho e beijos

A valsa e o vulto na vida vã
De lábios e língua e laços
De santo e digno e próprio
Na noite, na noite, na noite

A brisa abranda os braços
De letra B. E os beijos
De desejo em desejo... desejo
A viagem até os olhos e a alma

A sede em saliva e suor
De pele e gosto e sonho
De pernas... e dedos... e dentes...
De tudo um pouco quero... e quero!

A Igreja dos Loucos

Ensaio feito em 2005 - Ébano

Faz de mim um abrigo dos teus pecados
E acredite que estou na rua dos segredos
Pois quando eu for será quase noite
E o mar dos teus desejos é profundo e sombrio
Diz do teu rosto lânguido e sereno
As pornografias dos teus fetiches
E faz poemas com as tuas madrugadas
Pois o amanhã vem tarde e diz “não”
Desliza teus lábios até o canto da minha boca
E faz música com esses gemidos
Pois quando eu for será quase noite
E o gosto do beijo é lascivo e quente
Então vem perto e vê que o amor é a igreja dos loucos
E o amanhã é uma música sem fim, que começa no “oi”

O Bicho de sete cabeças

texto para jornal FOCA LIVRE
21/09/2005

A violência em Ponta Grossa é um caso crônico. De acordo com os dados da polícia civil o número de homicídios nos nove meses deste ano já é equivalente a todo o ano de 2004. Outro fator que aponta para o medo causado pela violência na população é o aumento te instalações de cercas elétricas e sistema de TV em residências, que em um ano cresceu 100%. A cidade também registrou de janeiro a agosto 1504 arrombamentos aos domicílios, uma média de 7 por dia. Esse número já está próximo de alcançar o ano de 2004, que teve uma média diária de 9 arrombamentos. Nos últimos nove anos a violência teve um aumento de 175% considerando todas as ocorrências.

As autoridades buscam culpados e soluções por todos os cantos. O Município culpa o Governo Estadual, que procura investir no policiamento “ostensivo” e nas radiopatrulhas na periferia. Há também as patrulhas escolares, que revistam e humilham os estudantes na porta dos colégios públicos, como se esses fossem um dos focos da violência.

Olhando mais além, percebe-se que a Princesa dos Campos é acompanhada há muito tempo pela violência. Estupros, assaltos, roubos, homicídios, espancamentos e seqüestros já permeavam as páginas dos diários com tal intensidade nos anos anteriores, quanto agora. Contudo, a polêmica causada pelo estatuto do desarmamento, aprovado em dezembro de 2003 e que previa a convocação de um referendo para medir a opinião publica a respeito da proibição do comércio de armas, fez com que uma febre em torno do índice de violência nas cidades de médio e grande porte.

A violência, longe disso, não é um fator apenas causado pelo porte de armas pela população civil. A sociedade vive na insegurança porque o país passa por um problema que é estrutural e formado por diversos fatores, entre eles desigualdade social, desemprego, má distribuição de renda entre outras.

Em Ponta Grossa esses fatores são ainda mais acentuados. A cidade tem 22% da população vivendo abaixo da linha da pobreza, além do alto índice de desemprego. Esses números corroboram para o aumento gradativo da violência, já que parte da população miserável encontra no crime uma forma de sucesso financeiro e ascensão social através do poder econômico.

O grande problema, é que a sociedade enfrenta o problema da segurança com um bicho de sete cabeças que tem que ser morto a pauladas. A violência deve ser evitada desde sua base, nas escolas, em casa, na televisão, nos videogames, na internet. Educar a população para ser mais pacifica é muito mais eficaz que tentar reeducar bandidos.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

democratizando os erros

foto tirada do acampamento do MST em Ponta Grossa



Para justificar a incapacidade das autoridades na redução da criminalidade, a responsabilidade fica a cargo da sociedade, numa aparente tentativa de compartilhar os resultados da ineficiência administrativa o poder público tenta agora punir, cada vez mais cedo, o bandido que se molda nas ruas antes dos dez anos.

Infelizmente o que se vê é apenas a ponta do iceberg. O problema da criminalidade no país é estrutural e vicioso. O desemprego crescente e a falta de oportunidades enfraquecem as bases familiares e a figura do pai herói foi tristemente transferida para o traficante, que anda de carro importado e tem armas cinematográficas. Soma-se a tudo isso um sistema escolar cambaleante, com professores mal remunerados, desestimulados e amedrontados.

Como resultado, temos uma bomba relógio de proporções incalculáveis, que provavelmente fará o sistema entrar em colapso. A redução da maioridade penal é um atestado de que todos nós falhamos: pais, autoridades, políticos, mídia, escola. Punimos, pois somos incapazes de educar

Diário de um amor rasgado

Foto tirada em Balneário Camboriú às 6:30 (páscoa de 2005)


estou publicando isso, pois recebi uma vez... de uma pessoa... me arrependi do que fiz

"Hoje estou profundamente deprimida... até está manhã eu estava me sentindo bem, e foi só ouvir uma música e pronto! Aquela película aquoso embaçou os meus olhos e me deu vontado de chorar... e de escrever...
Estranho como escrevemos melhor quando estamos infelizes, alcolizados ou drogrados... como eu não gosto muito de beber e nunca experimentei alguma droga, fico pensando se não é importante para minha carreira levar uma vida triste, já que terei que escrever pelo resto da minha vida.
E voltando à música... ela não dizia nada demais... não era daquelas tristes sobre alguém que perdeu um grande amor... na verdade era sobre alguém que encontrou um novo amor... não que eu queira encontrar um também... o grande problema é que ela foi escrita e cantada pelo meu antigo amor... e tive certeza de que ele não apenas deixou de me amar como se apaixonou por outra... e isso partiu meu coração!
Até o presente dia, desde que nos separamos, ou melhor, desde que ele quiz se afastar de mim, eu vivi imaginando que ele me amaria para sempre e tentaria me convencer disso até que eu desistisse de me fazer de difícil, voltasse atrás e o aceitasse de volta! Ou, então, que eu me apaixonasse por outro antes dele se apaixonar por outra! Ou, pelo menos, que ele só se envolvesse com outra pessoa depois de terminar a faculdade e ir embora da cidade!
Não foi assim... e o choque, a dor e a certeza de tê-lo perdido realmente me faz sentir tão sozinha e tão perdida! Ah! Que vontade de gritar! De me embebedar, me drogar e me jogar pela janela!
Eu sei, eu sei, que devo gostar mais de mim do que dele, e eu gosto. No entanto, essa sensação, esse vazio, atordoa a minha mente e já não sei mais o que fazer... porque mesmo que ele quizesse, eu não sei se quero voltar... não quero... e também não quero deixar de ser sua musa... sua inspiração...
Por que ele não escreveu para mim? Por que não cantou para mim? E principalmente, por que me chamou para assitir essa declaração para outra???" - PUBLICADO NA INTEGRA, SEM CORREÇÕES

A decisão é pela paz?

foto tirada em 2005, para revista Nuntiare
Matéria sobre solidão


Em outubro os brasileiros irão às urnas para decidir se são contra ou a favor da proibição do comércio de armas e munição no país. Não surpreendentemente, o que se pode ver na mídia são campanhas informando sobre o Referendo, contudo, com uma grande tendência favorável à proibição. Passa-se uma imagem que quem aprova o comércio armas é complacente com a violência.

Os números apresentados pelas entidades que encabeçam a luta pelo desarmamento, baseados nos dados da Organização das Nações Unidas (ONU), demostram que mais de cinco mil vidas foram salvas, desde o início da campanha que recolheu quase meio milhão de armas de fogo. Esse calculo foi feito a partir do número de homicídios em 2003 e a estimativa para o ano seguinte. A iniciativa do governo consiste em gratificar com dinheiro as pessoas que devolverem os revólveres, pistolas e espingardas que estiverem sob seu poder.

Ainda segundo a ONU e a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura), cerca de 40 mil pessoas são vítimas de homicídios por arma de fogo no Brasil, todo ano, o que representa uma morte a cada 12 minutos. O país desponta como o campeão nesse tipo de crime, 8% dos assassinatos no globo acontecem aqui. As maiores vítimas são jovem com idade entre 15 e 24 anos. Os óbitos pela violência armada equivalem a 39% entre eles.

Com o Estatuto do Desarmamento, sancionado pelo presidente Lula em dezembro de 2003, um dos pontos principais previsto era o Referendo sobre o comércio de armas de fogo e munição. Semelhante a um plebiscito e a uma eleição com outra qualquer, o Referendo é um instrumento de opinião da população sobre uma lei ou parte dela, que já foi aprovada pelos legisladores. Este será o primeiro desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, entretanto, o Brasil já passou por um plebiscito, em 1993, para decidir entre a forma e o sistema de governo.

As opiniões contrárias se apresentam ainda de forma tímida, como é o caso da classe os taxistas e caminhoneiros, que defendem o porte de arma, acreditando que os assaltos e roubos a esses profissionais irão aumentar, já que os criminosos sabem que eles estão desarmados. Eles pretendem se inserir em um dos pontos da nova lei, que abre exceção para civis que sofrem ameaça de morte. Os donos de estabelecimentos que comercializam essas armas e os fabricantes também formam uma frente contrária a aprovação da lei. Se aprovado pelo Referendo, a lei que proíbe o comércio de armas de fogo deve entrar em vigor na data de publicação do resultado da eleição pelo Superior Tribunal Eleitoral.

O Estatuto do Desarmamento é, sem dúvida, um avanço em um país com o índice tão elevado de violência. Embora as medidas inibidoras da criminalidade também devam passar por questões mais profundas, como a educação nas escolas e lares, a venda de bebidas alcoólicas indiscriminadamente, preconceito racial e a má distribuição de renda, fatores diretamente relacionados à segurança pública. É antes de tudo, importante lembrar que a violência não acontece só através de armas de fogo.

todos tem segredos

todos têm fantasias...